Cristina Buarque e Terreiro Grande

4 de jul. de 2008

Ataulfo Alves



Ataulfo Alves de Sousa era mineiro de Miraí, uma cidade- zinha distante de Belo Horizonte cerca de 500 quilômetros. Nasceu e viveu parte da infância numa fazenda do município, situado na montanhosa região da Zona da Mata. Seu pai era violeiro, sanfoneiro e repentista, e lhe ensinou a fazer versos, respondendo a seus improvisos. Mas morreu cedo – Ataulfo tinha apenas oito anos. Aí a mãe pegou os sete filhos, saiu da roça e se mudou para a sede de Miraí. E, já a partir dos dez anos, ele teve de ajudar no sustento da casa, enquanto estudava. Durante a adolescência, foi leiteiro, condutor de bois, carregador de malas na estação de trem, menino de recados, marceneiro, engraxate e lavrador. Em 1927, seguiu para o Rio de Janeiro, para trabalhar como faxineiro na casa e como entregador no consultório de um médico de sua terra. Depois, se tornou prático de farmácia.

Freqüentando as rodas de samba de Rio Comprido, bairro em que morava, não demorou a organizar um conjunto próprio. Também rapidamente, arrumou uma namorada e com ela se casou, em 1928 (chamava-se Judite, que seria a mãe de seus quatro filhos).

Ataulfo tocava violão, cavaquinho e bandolim. Era diretor de harmonia do bloco Fale Quem Quiser. E criava suas primeiras composições. Algumas delas levaram o sambista Bide (Alcebíades Barcelos, parceiro de Marçal em "Agora É Cinza", sucesso na época) a apresentá-lo na gravadora RCA Victor. Em 1933, ele era lançado como autor por Carmen Miranda ("Tempo Perdido"), seguida por Almirante ("Sexta-Feira"). Mas o sucesso só chegou dois anos depois, com "Saudade do Meu Barracão", na voz do pouco conhecido Floriano Belham, acompanhado do Bando da Lua.

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